Alguns pensamentos sobre comunidade, interconexão e limites necessários

  

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Alguns pensamentos sobre comunidade, interconexão e limites necessários
(Versão em português aqui, English version here)


Não fazemos nada sozinhos. Cada decisão importante que tomo vem acompanhada de horas de conselhos e orientações dos meus mais velhos, amigos de confiança e filhos de santo, até mesmo dos meus pais, que não estão envolvidos nas minhas comunidades espirituais ou profissionais, exceto para me apoiar. 


Nada é rápido, nada é apenas eu. Isso é, em última análise, uma das maiores bençãos na minha vida. 


Colocar limites que são necessários para proteger a comunidade de pessoas que priorizam apenas suas necessidades individuais ou não aceitam conselhos ou orientações de muitos dentro da própria comunidade - a não ser que concordem com suas próprias percepções privilegiadas de como as coisas deveriam ser ou acontecer - é absolutamente necessário.


Decisões importantes para a comunidade são feitas *em* comunidade.


Sempre ficarei ao lado da cumplicidade que vem da comunidade que prospera graças ao apoio e investimento em algo além de si mesmo.


Necessidades individuais são importantes. Elas podem ser parte das necessidades da comunidade, mas isso fala de uma relação para além do individual. 


Relações devem ser respeitadas, cuidadas e honradas.


Minha comunidade é minha inspiração. Minha família é minha inspiração.*


Existem tantas vozes no mundo, tanto em elogios quanto em críticas, mas as vozes que estimo são as dos meus mais velhos e da minha comunidade.


Minha comunidade fundamenta minhas percepções e impressões individuais a partir da experiência vivida. Minha comunidade me traz de volta ao meu corpo e desafia minha própria perspectiva limitada.


A beleza que existe no mundo é melhor compartilhada e a gratidão muda nossa percepção.


Aqueles que buscam apenas tomar de uma comunidade, que tentam te isolar de sua própria comunidade, que tentam pintar um quadro de que sua percepção é a única permitida, vivem em uma solidão da qual ninguém pode resgatá-las.


É a minha comunidade que me relembra, repetidamente: a vida tem tantas possibilidades. Lute por mais um dia, lute pelas pessoas que você ama para que a luta não seja contra o mundo, mas por aqueles que você ama e estão nele.


Se tudo o que você tem é si mesmo, comece por aí, mas talvez pergunte-se: por que?


“Respeito não é submissão, mas reconhecimento de interconexão.” **


Priorize aqueles que valorizam essa interconexão dinâmica, em vez dos que exigem que você reconheça seu direito individual em relação ao que foi co-criado em grupo.


Há espaço para novos relacionamentos, há espaço para crescimento e perdão, há espaço para prioridades e necessidades únicas e há sempre espaço para limites que protejam todos os espaços anteriores.


Comunidade, assim como a paz, é algo pelo qual se luta. Defenda-a. 


___ 


* Minha madrinha Denise Oliver Velez é minha inspiração. Meus pais Jesse e Yolanda são minha inspiração. Minha irmã de santo Ingrid é minha inspiração. Meu diretor Matt Mitler é minha inspiração. Meus mais velhos, como Pai Paulo, são minha inspiração. Minhas famílias de santo no Lucumí e Quimbanda e minha família Dzieci me dão apoio e me mostraram o que é fazer parte de uma comunidade.


**Encontrei essa frase no artigo do Babá Tilo Plöger de Àjàgùnnà's "Omoluabi: O Modelo Yoruba para a Excelência Moral" (em tradução livre).

Traduzido por @dorasteimer, da família @cabulamulemba


Compartilhado no instagram por @darknessoftheninthhour, @cabulamavilekitulakianjila 

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